Ainda a respeito da nossa discussão... Surgiu o argumento de que "o futuro será normal, como sempre foi"...
Normal? A normalidade muitas vezes se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele que contraria esta maioria. A normalidade também se dá por um resultado padrão ao realizar uma operação com alta probabilidade de se repetir (in Wikipédia).
Eu vejo todos os dias muitas situações que se repetem, insistentemente, que são consideradas normais e encaixam neste conceito mas nem por isso as considero aceitáveis ou correctas.
É normal existir crime, é normal existir corrupção, é normal haver raptos de crianças, é normal haver pedófilos, agora até é normal situações de car-jacking. É este "normal" que pretendemos? Óbvio que não.
É normal todas estas situações existirem, concordo. Mas a sua proporção é dependente da nossa atitude e reacção relativamente às mesmas. Preferia muito honestamente dizer: é raro acontecerem todas as coisas que descrevi acima (e tantas outras) porque todos nos preocupamos e fizemos algo para as combater com eficácia (A eficácia mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficaz é conseguir atingir um dado objectivo, in Wikipédia). Este "com eficácia" é muito importante em tudo o que fazemos. Não adianta o fazer por fazer... Sem resultados ou, melhor dizendo, sem avaliação dos resultados nunca saberemos os seus efeitos nem os erros que cometemos para que os possamos evitar noutras alturas.
Eu sei que vocês se referem em termos de comportamentos e que toda esta discussão se iniciou a respeito de Morangos com Açúcar e o seu efeito nos jovens e sociedade. Mas acreditem que por mais desligados que estes factores possam parecer, estão todos relacionados. Porque a sociedade nos influencia sempre, assim como nós também a influenciamos.
Assim, quanto mais despreocupados andarmos relativamente ao que se passa à nossa volta e mais normal isso nos parecer, mais essas situações se irão agravar.
Eu sempre deixo a minha declaração ou reclamação de desagrado quando vejo algo que não concordo. Como gostava de fazer mais do que isso...
Still waiting for my chance to change the world... Even if it was just my little world...
A mim deixa-me muito triste passar em frente a uma escola (a várias até como já aconteceu) ou mesmo na rua ou transportes e ver as atitudes das crianças, adolescentes e até adultos. Ver como são desrespeitadoras e mal-educadas. Revoltadas e agressivas. Isto não é uma questão de novas gerações mas sim de má educação. De falta de tempo e muitas vezes de à-vontade e sensibilidade dos pais para falarem com os filhos e lhes passarem bons valores. E de maneira nenhuma considero que a religião deva estar envolvida nestas conversas.
Professores agredidos nas salas de aula e fora dela por aplicarem disciplina? Não falo de os professores baterem ou espancarem os miúdos mas estes devem respeitar a figura dos professores e dos colegas como indivíduos. Não ridicularizarem-nos. Sabem o que vos acontece se disserem alguma coisa a esses miúdos ao chamarem-nos à atenção porque não estão a agir correctamente? Correm o risco de ser insultados ou mesmo que vos batam. Isto se não tiverem nenhuma arma branca e vos espetarem uma faca. Sim, qualquer coisinha é suficiente para justificar actos de violência. E cada vez mais vemos jovens de 12/ 13 anos a agirem desta forma. Eu nem me atrevo a abrir a boca nestes casos.
Ainda não atingiu proporções alarmantes e talvez ainda não tenha nos atingido de forma directa mas é preocupante.
E tudo isto, na minha interpretação, devido a um errado caminho em busca de atenção para si mesmos.
Por isso, não acho que apelidar o futuro de normal seja uma coisa boa ou tranquilizadora do que o mesmo me reserva.
Provavelmente faço parte daqueles que, por contrariarem a normalidade, são anormais. Não contesto. Em muitos aspectos, fico feliz por ser opositora à suposta normalidade.