terça-feira, 28 de outubro de 2008

Absolutamente ridículo! Escandaloso! E vergonhoso!

Lucros extraordinários da GALP aumentaram 228,6 % no 1º trimestre do corrente ano de 2008

(Estudo de Eugénio Rosa - Economista)

A GALP acabou de apresentar publicamente as contas referentes ao 1º Trimestre de 2008. E numa altura em que são exigidos aos portugueses tanto sacrifícios, não só aos que têm de adquirir combustíveis mas a todos que sofrem também as consequências dos aumentos semanais dos preços dos combustíveis, os resultados obtidos pela GALP e, consequentemente, por todas as petrolíferas são impressionantes, para não dizer mesmo chocantes.

SÓ NO 1º TRIMESTRE DE 2008, A GALP OBTEVE UM LUCRO EXTRAORDINÁRIO DE 69 MILHÕES DE EUROS DEVIDO À ESPECULAÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO NO MERCADO INTERNACIONAL E OS LUCROS TOTAIS ATINGIRAM 175 MILHÕES

Mas o que é impressionante, e é mesmo chocante numa altura em que são pedidos tantos sacrifícios aos portugueses, é que a GALP tenha obtido um lucro extraordinário de 69 milhões de euros, ou seja, mais 228,6 % do que em 2007, devido à subida do preço do barril do petróleo, ou seja, com a especulação dos preços do petróleo no mercado internacional, o que não tem nada a ver com a actividade normal da empresa. É esse o valor do chamado “efeito stock” em 2008, ou seja, a diferença entre o preço a que a GALP adquiriu o barril de petróleo, muito mais baixo porque foi comprado cerca de 2,5 meses antes da sua utilização, e o preço a que depois foi considerado para cálculo do preço de venda de combustíveis aos portugueses.

EM MAIO DE 2008, OS PREÇOS DOS COMBUSTíVEIS EM PORTUGAL CONTINUAVAM A SER SUPERIORES AOS PREÇOS MÉDIOS DA UE 15

Contrariamente ao que afirmava a propaganda quer do governo quer dos grandes grupos económicos portugueses, a privatização das empresas nacionalizadas e a liberalização dos preços dos combustíveis, não trouxe nem o aumento da concorrência nem descidas dos preços, como mostram os dados oficiais divulgados pela Direcção Geral de Energia.

No dia 31.12.2003, através da Portaria 1423-F/2003 do governo do PSD/CDS (era membro desse governo Paulo Portas que agora se insurge tanto contra a subida dos preços dos combustíveis, o que revela bem a hipocrisia da direita) foram liberalizados os preços dos combustíveis em Portugal. A razão apresentada pelo então governo do PSD/CDS é que isso iria determinar o aumento da concorrência com, a consequente, descida dos preços.

Como mostram os dados oficiais do quadro IV, com a privatização da GALP pelos governos do PS e PSD, e com a liberalização dos preços dos combustíveis pelo governo PSD/CDS o que aconteceu foi precisamente o contrário. Entre 2.1.2004 e 22.5.2008 o preço da gasolina 95 aumentou +57,3% e o do gasóleo rodoviário +102,7%. Entre 2.1.2004 e 9.5.2008, o preço do gasóleo colorido subiu + 127; e do gasóleo de aquecimento + 138,1%. Durante o mesmo período as remunerações aumentaram em Portugal, em média , menos de 15%. Os comentários parecem inúteis perante esta escalada dos preços dos combustíveis que se tem acentuado nos últimos meses. É evidente, se o proprietário da empresa fosse ainda o Estado seria muito mais fácil impedir que esta se aproveitasse da especulação que domina actualmente os mercados internacionais do petróleo para cobrar pelos combustíveis preços escandalosos, e controlar os preços e impedir que eles atingissem o ritmo de aumentos galopantes verificados nas últimas semanas. Não se percebe que o governo não utilize a “golden share que tem na GALP para pôr cobro ao escândalo do cálculo dos preços de combustíveis serem determinados pela especulação.

* Economista
Eugénio Rosa *
00:00 quarta-feira, 28 maio 2008


Leiam também este artigo: O que a Autoridade da Concorrência devia ter feito mas não fez, sendo assim conivente com lucros que resultam da especulação no mercado, do mesmo economista. É sempre importante ler opinião de alguém que percebe do assunto, que se baseia em dados reais e explica as suas conclusões.

E isto foi antes de Junho/ Julho em que os preços do barril de petróleo atingiram recordes máximos.

Estou para ver as próximas apresentações de resultados...

E vem um suposto presidente de uma suposta Autoridade da Concorrência dizer que não existem evidências de falta de concorrência ou concertação de preços. Quando nem as entidades reguladoras actuam, fazendo de conta que nada de errado se passa quando está bem à frente dos olhos de todos e a pesar cada vez mais no bolso de cada um, vamos fazer o quê? Paga e cala!

E a Galp e outras governam-se. E depois facultam um lugarzinho na administração ao tão querido e prestável presidente da Autoridade da Concorrência.


Que sorte estes palhaços têm de tantos portugueses serem ignorantes e se irem deixando levar...

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